2. A revelação
”Como Hamlet disse a Ofélia”: “ Já ouvi falar também, e muito,
de como você se pinta. Deus te deu uma cara e você faz outra.” Hamlet
ato III, Cena I. Shakespeare.
Era junho o ano letivo estava acabando, eu só ouvia todos
falarem de anuários, assinaturas, as finais dos jogos, e o maldito baile.
Eu estava sem interesse nenhum, alias este ano eu não estava
com interesse nenhum em nada, se fosse a outras circunstâncias, eu seria a
primeira a participar do comitê, da decoração, mas eu não tinha vontade de
nada.
Nem em meu aniversario de 18 anos eu fiquei animada, minha
avó, que agora morava conosco, bem que tentou, mas não eu não tinha humor
nenhum.
Os meses passaram assim, eu nem percebi, minha vida tinha se
tornado uma rotina básica e chata.
Eu ia à escola, aguentava as odiosas horas do dia, ouvia as
baboseiras adolescentes, respondia quando me perguntavam, tirava boas notas,
para ocupar meu tempo eu me dedicava a estudar muito.
À noite eu jantava com minha vó, meu pai não jantava mais em
casa, ele também se enterrou no trabalho como refugio.
-Querida você vai ao baile?-(pelo amor de deus, a senhora
não percebe que não quero?)
-Não, eu não gosto.
-você deveria! Se distrair um pouco, você só fica em casa.
Minha avó se limitava a conversas rápidas, mas hoje pelo
visto, ela estava decidida a me tirar da bolha em que havia me colocado.
-vovó, eu não tenho vontade, de sair.
-saia com suas amigas, Ângela, por exemplo?
-ela tem namorado, e só sai com ele?
-e Mery? Sua amiga de infância?
-Mery tem outras amigas agora.
-eu acho realmente, que você devia se esforçar, ter uma vida
nova.
-Bem que eu queria uma vida nova!
O que eu não sabia, é que esse desejo iria ser atendido.
Voltei da escola, estacionei meu Toyota Camry em frente de casa, estranhei porque o Hyundai Sonata de
meu pai também estava em frente e ao lado de um Honda Civic
preto, que eu não reconhecia.
Entrei na sala meu pai tomava café com um senhor, bem ele
era um senhor, mas tinha aparência de ser jovem, um jovem amadurecido, ele era
loiro com olhos claros, vestia um terno cinza.
-querida, que bom que chegou. -meu pai estava com a voz meio
nervosa-
-oi, papai, e oi. - estendi a mão para o senhor, que se
levantou para me cumprimentar.
–olá, eu sou Walter Waal, você deve ser Melissa Adson?
-sim, o que foi pai? ( quem é esse cara?, e porque ele falou
meu nome assim?)
-filha, vamos para o escritório, senhor Walter nos de
licença um minuto já voltamos.
-Sim claro senhor Wiliam.
Acompanhei meu pai ao escritório, quando ele fechou a porta,
eu perguntei rápido:
-Pai, o que esta havendo? Quem é esse senhor?
Meu pai suspirou, sentou e fez um gesto para que eu me
sentasse também:
-Filha, eu queria te contar com calma, sua mãe e eu havíamos
combinado que quando você completasse 18 anos contaríamos, mas com tudo, eu não
quis piorar as coisas para você, mas eu não contava com essa visita.
-pai o que é? Você está tão nervoso? Contar-me o que?
-filha eu vou te contar uma coisa, mas peço que não me interrompa
me deixe terminar, ai você pode perguntar o que quiser tudo bem?
-Tudo bem. Só vou ouvir.
Então ele começou a contar à história que eu nunca imaginei
ouvir na minha vida, eu ouvi atentamente sem interromper, fiquei com minhas
perguntas mentalmente:
-Quando eu e sua mãe nos casamos, ela descobriu que não
podia ter filhos. (como?),
-Estávamos nos acostumando com a ideia, pensávamos em mais
tarde adotar. (adotar?).
-Quando tínhamos dois anos de casados, recebemos uma visita
inesperada, minha prima Jeane apareceu aqui, grávida, e muito nervosa, quem a
trouxe foi esse homem ali na sala, o senhor Walter, ele a deixou e foi embora.
Eu não via minha prima há anos, ela tinha se casado e foi morar numa cidade
longe, então me espantei dela nos procurar, o seu marido tinha falecido e ela
ficou viúva e grávida.
-Pai o que você esta me dizendo? (Eu não consegui, falei alto).
-filha, não me interrompa, saiba que pra mim é muito difícil
lhe contar essa história.
-Tudo bem me desculpe, continue.
-ela estava grávida e fraca, parecia que fazia dias que não
se alimentava direito. Ela nos contou que estava em dificuldades e que
precisava de alguém para cuidar do bebe, ela não ia conseguir sozinha, e ela
sabia que Rebeca queria um filho. Mas Rebeca jamais iria tirar um bebe de uma
mãe sem antes lhe dar opções. Então ela teve uma ideia ela disse para Jeane,
que ficasse conosco que nos ajudaríamos com o bebe. Jeane passou o restante da
gravidez conosco, a levamos no médico, fizemos exames estava tudo bem. Então um
dia a bolsa estourou, levamo-la para a maternidade, mas no caminho ela
continuava com a ideia, dizia que tínhamos que cuidar do bebe, que ele seria
nosso.
Rebeca acompanhou o parto, e depois que Jeane estava no
quarto ela novamente conversou com Rebeca:
“-Rebeca, entenda, eu não posso ficar com ela, coisas ruins
podem acontecer a ela se eu estiver perto, ela não pode se defender ainda, você
tem que cuidar de minha melissa, ela vai
ficar bem com você, “
Jeane abriu a gaveta de pertences, no hospital e entregou
uma corrente a sua mãe, nessa corrente tinha uma chave, ela disse que a chave
abria uma pequena caixa que estava em suas coisas aqui em casa, ela disse que
quando você tivesse 18 anos entregássemos a caixa a você. No dia seguinte,
Jeane fugiu do hospital e não tivemos mais noticias, até agora, com a visita de
Walter.
- pai, eu nem sei o que dizer ou o que pensar.
-Melissa sabe que você tem todo o direito de se zangar, mas
filha nada do que te contei nada que Walter falar para você muda o fato de eu e
Rebeca ter te amado mais do que qualquer coisa.
Eu fiquei ali sem palavras, e meu pai abriu uma gaveta e
pegou uma corrente com um pingente de chave, depois se levantou abriu o cofre e
pegou uma caixa, era do tamanho de uma caixa de sapato, era de madeira antiga e
escura e tinha escritas em latim e símbolos, ele estendeu para mim.
-acho que isso é seu.
Eu estendi as mãos como impulso, mas não queria aquilo, não
era meu, mas mantive ali no meu colo. Meu pai levantou e disse. Só que você
ainda tem que ouvir o que Walter tem a te falar.
- Pai, eu não quero.
-filha é importante!
-Não!
Levantei, sai do escritório, passei por Walter, nem olhei
subi ate meu quarto.
-quem eles pensam que são? Essa mulher, esse homem? Não eles
não têm nenhum direito!
Não pensei muito joguei a caixa e chave em cima de minha
cama, peguei minha bolsa e a chave do carro e sai. Corri ate meu carro, não
sabia aonde ia só queria sumir, sair dali.
Em minha mente vinham lembranças de minha mãe. Ela escovando
meus cabelos, me levando ao jardim de infância, me arrumando para minha
primeira peça de escola. Os meus aniversario, não tudo isso não era mentira
Rebeca me amava, éramos amigas cúmplices, Rebeca era minha verdadeira mãe, não
aquela que não me quis, me abandonou, eu sempre imaginei como é o amor de mãe,
e sempre me vinha em mente que era natural, como obrigação, mas não Rebeca, me
amava e eu nem nasci dela, já essa outra, ela me gerou como não me amou, o que
pode ser mais forte pera separar uma mãe de um filho?
Nem quando foi lhe dada uma opção, ela não quis. E meu pai?
Ele também sempre me amou, a não serem esses últimos meses que ele se afastou
nunca tive uma lembrança ruim dele.
Meu telefone não parava de tocar, então parei no
acostamento, havia varias ligações, e uma mensagem:
“filha volte, eu te disse eu te amo nada importa”
Meu pai achava que eu não acreditava em seu amor, não podia
ficar assim eu tinha que esclarecer, ele já sofria a morte de Rebeca, não podia
sofrer achando que eu não o amava.
Dei a volta no carro, fazendo um U na pista.
Cheguei a casa, o carro de Walter ainda estava lá, bom ele
precisava ouvir umas boas, eu precisava de respostas. Entrei agora mais calma, corri e abracei meu
pai.
-Pai, eu te amo! Nunca duvide disso, e nada vai me fazer
mudar de ideia.
- Ah! Filha eu também te amo!
-agora eu quero umas respostas!
Virei-me para Walter, que permanecia sentado na poltrona, e
falei como se fosse uma acusação:
-o senhor deve ter essas respostas, não?
-Clara senhorita Adson, primeiramente, quero resaltar que
não seria necessário esse drama todo, se o senhor Willian tivesse seguido as
recomendações.
-A! Agora a culpa do meu pai, primeiro a 18 anos você
aparece aqui, com uma grávida, e some, a grávida em questão some, e meus pais
que me criaram com amor e nunca me deixaram faltar nada é que são os culpados,
não é irônico?
-Senhorita Adson, foi necessário.
-Sei
-Querida, deixe Walter falar, não seja grosseira.
-Tudo bem- me sentei- pode falar sua versão de história.
-Então, voltemos ao começo, o motivo de eu trazer sua mãe
aqui quando estava grávida de você, foi por ela confiar em seus pais que eles
seriam excelentes protetores, eu fiz meu trabalho e depois segui minhas ordens.
-Ordens?
-eu era como um criado para seus pais, e agora para você.
-Criado?
- sim senhorita Adson, eu somente sigo ordens, minhas ordens
foram as seguintes, trazer sua mãe a salvo para essa família, depois quando
você nasceu sua mãe me procurou para novas ordens, ela deixou documentadas.
-Documentadas?
-Sim, eu sou procurador de seus bens, ate você ter 18 anos,
quando sua mãe me deixou essas ordens, ela deixou claro que ao completar a
maioridade a senhorita mesmo me procuraria, mas como não me procurou eu mesmo vim. Veja bem a muitos papeis e
questões a resolver.
- então é só isso? Nada de explicação, o por quê ? Nada?
-senhorita, já falei, sou um criado, sigo ordens, creio que
as respostas você mesmo vai descobrir, então eu preciso resolver essas pendências
para saber se continuo cuidando de seus interesses, ou você designara a outros,
talvez seu pai que é um ótimo investidor?
Ai foi vez de meu pai entrar na conversa:
-por quê? De quanto exatamente falamos? Ou do que?
-estamos falando de um imóvel na cidade de Aumsville, Oregom, algumas aplicações, ações, e o mais
importante uma imensa coleção de antiguidades, que de tão raros o preço é
inestimável.
-De tudo aos pobres! Só consegui dizer isso.
-Filha calma pense um pouco!
-Pensar o que? Eu vive sem isso ate hoje posso viver sem.
-Cara senhorita, você não entende, essas coisas te
pertencem, foi o ultimo pedido de sua mãe.
-Eu só tive uma mãe, e Se chamava Rebeca.
-Senhorita, aqui esta meu cartão, me ligue quando se acalmar.
-tudo bem Walter, ela vai ligar- meu pai foi quem pegou o
cartão.
Walter foi embora e eu fui ao meu quarto.
Olha ai a história se complicando... O que será que Melissa vai fazer???
ResponderExcluirDilla meu anjo, você tem jeito pra coisa, cada cap tem um gostinho de quero mais...
Estou amando sua história!!!
Bjks amiga!
Amei... fic muito legal...
ResponderExcluirnunca tinha lido suas historias;sou apaixonada pela saga crepusculo mas so me informava em sites oficiais. mas depois que li as fanfics virei fa. nao aguento a ansiedade pelo capitulo tres.
ResponderExcluirMelissa e seu pai estão sofrendo bastante a perda de Rebeca e a distancia entre eles é bastante dolorida,mas eles se amão e tem a avó que ira dar todo o seu apoio!Melissa soube que não é filha verdadeira do casal,e é uma dor a mais para ela carregar e tenho que confessar que estou anciosa para o que vira!
ResponderExcluirBjos *_*