7. As Bruxas
“ As vezes o homem prefere o sofrimento à
paixão.”
Fiodor Dostoievski.
Em meu aniversário
de 17 anos Ângela minha amiga de infância resolveu fazer uma brincadeira, tão
antiga, mas sempre é engraçada, ela me trouxe uma caixa enorme de presente, e
obvio que dentro tinha outra e assim por diante, cada caixa que abria vinha
outra até chegar ao presente real.
A cada momento de
minha nova vida eu tinha a mesma sensação de que a cada descoberta que fazia,
vinha em seguida outra, eu só não sabia quando isso acabaria.
Fiquei sem palavras
e calada com a revelação tão espontânea de Shiovam, ela contou como se fosse
algo natural.
Shiovam era jovem e
muito linda tinha os cabelos loiros e perfeitamente escovados, uma pele de
porcelana, e olhos azuis com cílios e sobrancelhas perfeitas seu sorriso era
tão branco que fariam sucesso em um
comercial de creme dental, ela vestia um vestido de renda e uma bota usava
varia pulseiras e colares.
-Como assim uma bruxa???
-Calma não se assuste, os garotos costumam me chamar de
bruxinha, por causa de minha mãe ter deixado o clã e eu não ser criada com as
outras não tenho o poder total de bruxa.
- Há sei?! – è claro que eu não sabia como Antony disse, não
sei nem metade._
Shiovam entendeu que eu não sabia nada sobre o que ela
falava, era espontânea e bem animada, enganchou em meu braço como velhas amigas.
-venha comigo, vamos tomar uma xícara de chá.
Shiovam me levou atrás do balcão em uma pequena cozinha toda
decorada com flores pedras e uma prateleira cheia de ervas, no fogão ela
colocou a chaleira para ferver.
-porque você seria má companhia para os caçadores? Perguntei
curiosa.
-não é meio obvio, mas
sempre achei isso meio hipócrita vindo justo de Walter, como se o caso
dele com a mãe dos rapazes não fosse pior.
-porque diz isso?
-a mãe de Antony e Adry era uma das bruxas do mesmo clã de
minha mãe.
Shiovam contava com
uma naturalidade, tirou a chaleira do fogo e colocou um pouco de algum tio de
erva em cada xícara e virou água.
-isso é possível? Digo,
ele sendo caçador e tudo mais.
-é possível sim, só tem complicações-para você entender eu
vou te contar do começo da historia das bruxas ta legal.
-tudo bem, eu sou toda ouvidos. – eu não tinha muitas
opções, precisava de respostas. -
Ela me entregou a xícara
-pode ficar tranquila, não é nenhuma poção tá legal.
-Tudo bem, sem poção.
-eu vou começar r no século passado, muitas mulheres foram
queimadas como bruxas, mas eram poucas que realmente eram, sabe com seus
poderes e receitas milenares de poções era difícil pegar uma realmente, ser uma
bruxa pode ser um privilegio ou uma maldição, depende do ponto de vista.
-E qual é o seu ponto de vista Shiovam?
-quando penso em mim e minha mãe e na forma como ela me ensinou
tudo, como escolhemos viver eu considero uma benção, mas quando me lembro da
historia de Walter e a mãe dos rapazes eu acredito que pode ser uma maldição,
mas eu já chego lá.
-tudo bem continue
-as bruxas nascem com privilégios dependendo de sua descendência,
como vocês caçadores que tem tipos diferentes nós também, algumas tem visões
podem ler mentes e ate manipular decisões, outras se limitam a poções, mas todas
têm algo em comum, a beleza eterna.
-eterna??
-sim, mas para se reproduzir as bruxas procuram humanos, e quando tem suas filhas elas se tornam
bruxas também, mas as que tem meninos, na tradição passada o maior pecado
cometido eram matarem seus bebes, eram os chamados sacrifícios,
-por quê???
-não se sabe bem, mas os meninos não carregam a carga genética das bruxas então não
são eternos e nem tem poderes, assim se tornavam um peso para as bruxas,
-que coisa horrível
-mas com o passar dos anos e os tratados com os caçadores
encontrou-se a paz, as bruxas foram proibidas de sacrificarem os meninos e como
elas se recusaram a criar eles nos acampamentos eram entregues aos pais.
-é triste mesmo assim
-mas há casos como o de minha mãe e da mãe dos rapazes,
junto com o acordo veio à liberdade de escolha muitas bruxas se afeiçoavam por
seus filhos e até pelos homens e decidiam deixar o clã, mas isso trazia
consequências.
-mas você falou que no seu caso foi uma benção.
-sim! Minha mãe se apaixonou por meu pai e mesmo tendo uma
menina ela decidiu ficar com ele é claro que quando fiquei em uma idade suficiente
para escolher eu podia, mas resolvi cuidar de meu pai depois da morte de minha mãe.
-sua mãe também morreu?
-sim, mas antes ela teve uma vida feliz ao lado do pai e eu,
mas como todas que encolhem viver longe do clã, perdem o direito a imortalidade
e começa a envelhecer, minha mãe teve um pouco mais de tempo do que a mãe dos
garotos.
-porque ela teve menos
-Ela era mais velha do que minha mãe e mais poderosa era
filha da líder e justo ela foi se encantar por Walter, para sua mãe foi a maior
afronta de um caçador, mas eles se amavam minha mãe contava que era lindo você
se sentia bem só de estar perto dos dois , mas quando ela engravidou e foi de
meninos gêmeos isso sugou suas forças mais rápido e o fato de serem caçadores
aumentou o risco ela não sobreviveu muito após o parto.
-que pena deles,
-é por isso que Andry não fala muito com o pai, ele o culpa
pela morte da mãe,
-Você falou algo interessante você disse caçadores no plural.
-sim, isso mesmo, os dois eles nasceram como se fossem
divididos, é incrível cada um tem podres diferentes Andy tem os sonhos e a
leitura de mente e já Tony é o escudo, outro motivo da briga e que Andy não
aceitar ser um caçador. – Notei ela
chama-los por apelidos mostrava que eram muito íntimos. -
-Ual!!!!! Eu deveria
me acostumar com tudo isso, mas acaba ficando cada vez pior.
A sineta da porta fez um barulho.
-vou ver a livraria, fique a vontade.
Ela levantou-se e foi ate a frente percebi que não cumprimentou ninguém, e através da fresta da porta a vi paralisada
então resolvi ver o que houve, quando sai olhei o rapaz que estava parado ao
lado da prateleira também a olhando, quando ia chamar Antony percebi que não
era ele foi Shiovam que me confirmou.
-Andy, quanto tempo?
Ele me encarou e olhou
para Shiovan, mas deu meia volta.
-Oi, eu não devia ter vindo aqui!
Ele saiu rápido pela porta
-que foi isso? Perguntei, olhei para Siovam, ela estava pálida, e nervosa.
-Nada! Melissa você me da licença eu acho que vou fechar
mais cedo.
Shiovan estava diferente de há minutos trás quando estava
descontraída agora estava como se visse um fantasma.
-você esta bem? Quer algo?
- Tudo bem não precisa, desculpe só estou cansada, amanha
volte podemos conversar mais.
Sai da livraria e ele estava lá parado ao lado de uma
caminhonete usava uma jaqueta de coro e óculos escuros, tinha semelhanças com Antony,
mas mostrava-se mais rebelde, usava o mesmo cabelo arrepiado um pouco mais
bagunçado.
Ao passar por ele diminui o passo, e ele me chamou.
-Oi, você deve ser Melissa?
-Eu estou cansada de todos saberem meu nome, eu nuca consigo
me apresentar.
-Desculpe comêssemos de novo então. - Andry falou com um
meio sorriso, muito mais encantador até que de Antony.
-Oi meu nome é Andry e o seu?
Estendi a mão sorrindo.
-Sou Melissa. _ Andry, sorriu largamente e também estendeu sua mão.-
-Agora que estamos devidamente apresentados você pode me dar
uma carona? A minha gasolina acabou e já estou atrasado para ver meu irmão.
-Claro vamos.
Estando no carro eu tive que perguntar
-sei que não e da minha conta, eu acabei de te conhecer, mas
o que foi aquilo?
-Aquilo o que?
-Com a Shiovan na livraria
-É complicado! – Andry
encarou o para-brisa.
-Acho que estou acostumando com coisas complicadas.
-É deve estar mesmo, é uma loucura essa história de
caçadores. _ Andry concordou comigo, acho querendo me distrair.
- É muita loucura, mas a gente acostuma, e Antony me ajuda
muito.
-Tony é muito prestativo, veja eu mal liguei para ele
contando que estava com problemas e ele logo quis me ajudar.
-Ele é muito especial mesmo, e então foi você no telefone
hoje?
-foi sim.
-Antony saiu preocupado, imaginei que era algo muito
importante, posso saber o que se trata?
-Nada de mais, é que Tony é assim muito preocupado, eu
liguei, pois fui viajar como uns amigos da faculdade e fomos assaltados, fiquei
sem dinheiro e meus documentos, então resolvi vir para cá, e minha gasolina
estava quase acabando, sabia que precisaria falar com o pai, e pedi para ele me
ajudar.
- isso eu entendo, mas voltando ao nosso assunto, porque
Shiovan pareceu ver um fantasma na loja
quando você chegou.
-Tá legal eu conto, mas você vai me achar um monstro.
-estou acostumando também com as histórias de monstros.
Andry, riu novamente, e começou a contar.
-Bem, Tony e Eu conhecemos Shiv desde a nossa infância,
estudamos juntos e sua mãe ajudou nosso pai conosco, e desde novos sabíamos o
que éramos.
Como os três mosqueteiros, fazíamos tudo juntos desde coisas
boas até traquinagens, Shiv sempre foi mais “moleque” que nós. Sempre foi assim
ate nossa adolescência, um dia ela levou
uma das poções de sua mãe e colocou na garrafa de café do professor de
história, coitado nem entendeu nada quando estava se declarando para a
professora de artes.
Quando a mãe de Shiv
morreu, ela se tornou mais responsável, continuamos inseparáveis menos
Antony.
-Porque Antony se afastou?
-Não foi culpa dele, meu pai insistia no treinamento, algo que Tony amava, já eu
abominava essa ideia, não queria essa
vida para mim. Quanto mais tempo passei com Shiv mais se aproximamos e como é
natural ela se apaixonou, e o relacionamento de amizade foi mais além,
começamos a namorar.
-Você e uma Bruxa? Isso me soa familiar.
-Sei o que você deve estar pensando, como eu que não gostava
da história de meus pais fazendo o mesmo.
-Eu não pensei isso!! Só pensei nas complicações.
-Mas eu pensei!! E quando vi o que realmente eu fazia tive
que por um fim.
-Mas não importa de quem gostamos..
-Não! Entenda, eu não estava com Shiv por gostar dela assim,
eu não estava apaixonado, eu simplesmente provocava meu pai, mas quando
analisei que nesse caso ele tinha razão,
não era justo com Shiv.
-E hoje na loja, por que foi lá?
-Eu quero tanto que as coisas voltem ao normal conosco,
sinto falta da minha amiga.
-É, as vezes é complicado ter amizades assim, chega um ponto
que você confunde as coisas.
Lembrei de como Antony estava fazendo o mesmo, é obvio que
se amávamos, mas eu amava ele como amigo como alguém que me ajudou
muito, nada de algo mais forte, ou talvez eu estivesse me enganando também, meu
coração ficava apertado em tentar imaginar minha vida agora sem ele, entretanto
não me via com ele de outar forma se não como amigos.
-Por um momento pensei que vocês não estivessem juntos por
causa de seu pai.
- Eu te garanto, que se eu sentisse por Shiv algo forte, eu
não deixaria que o hipócrita do meu pai interferisse, mas não quero o mesmo fim
de minha mãe para Shiv.
- Não fale assim dele, é seu pai, só quer seu bem, já pensou
que ele não quer o mesmo sofrimento que teve para você?
-Eu sei bem quais são os sentimentos do Sr Walter, ele tem
duas mortes nas costas, duas famílias que destruiu isso deve causar muito
remorso, mas não posso ser punido por conta de seus erros.
-Como assim duas morte? Duas famílias destruídas?
-E com essa paixão doentia não foi? Minha mãe, morta por
puro capricho de uma paixão, e com consequência nossa família e seu pai.
-como assim o que tem a Haver meu pai com tudo isso?
-Meu pai, foi responsável pela morte de George, assim
destruindo mais uma família.
-O que? A Sr Walter foi responsável pela morte de George??
Como?
Andy ficou um tempo calado me encarando como se estivesse
falado de mais.
esta ficando otimo dilla cada vez que eu leio me impressiono mais. Ingrid
ResponderExcluirobrigada
ResponderExcluiringrid
Eu estou encantada, é muito sensacional. As coisas acontecem que a gente fica se perguntando a cada final dos capitulos: "Como?" e começa a chorar por saber que o proximo cap vai demorar alguns dias.
ResponderExcluirDébora