26 janeiro 2012

Os Caçadores Cap 1 O Inesperado


                                    1. O Inesperado
-Mãe, alcança o protetor solar.
-Venha querida, eu passo em suas costas.
-O sol está  forte hoje, nem parece que o verão esta indo embora.
-É uma grande despedida.
-Ele quer mesmo deixar sua marca. - falei isso mostrando a minha mãe a marca do biquine.
Estávamos na beira da piscina de nossa casa, aproveitando o pouco que restava do verão, em duas semanas o ano letivo recomeçaria e eu iria cursar meu ultimo ano no colegial.
-O que acha de irmos as compras amanha Melissa querida?
-Acho bom, meu guarda roupa precisa de uma renovada para o ultimo ano.
-Ultimo ano! Minha mãe falou isso com um suspiro. Como você cresceu, até ontem você era só um bebe, e agora, já ta quase indo para faculdade.
Minha mãe e eu conversávamos como amigas, nossa relação era tranquila, sempre fomos muito próximas, eu tinha amigas, mas sempre estive distante dos dramas adolescentes comuns, isso se dava ao fato de eu não ter o que reclamar de minha vida, eu era feliz.
- Querida vou entrar, tomar um banho pra preparar o jantar.
-Eu já vou entrar, vou aproveitar mais a vitamina D.
Eu morava na Califórnia, na cidade de San Diego, tínhamos uma bela casa, era espaçosa, ampla, com um jardim maravilhoso que minha mãe cultivava, minha mãe era uma ótima dona de casa, ela trabalhava por prazer em organizar eventos e festas para famílias ricas.
Subi para meu quarto, ele era a segunda suíte da casa, então eu tinha meu próprio banheiro, fui ao banho e depois coloquei um vestido de algodão rosa, sequei meu cabelo ate ele ficar liso, eu tinha cabelos longos e castanhos, minha pele era clara, mesmo pegando sol, ela ficava levemente bronzeada, isso se dava ao fato de eu me encher de protetor, eu tinha olhos verdes, não como os da minha mãe, Que podiam ate ser confundidos com azul, os meus eram um verde escuro.
Desci para jantar, meu pai já havia chegado:
-Oi querida- ele me beijou na testa -como foi seu dia?
-Bom pai, mamãe e eu cuidamos do jardim, depois aproveitamos a piscina, e o seu dia como foi?
-Chato, como sempre, fiz algumas aplicações, salvei da falecia algumas empresas, o de sempre.
Meu pai era um excelente investidor, tinha bons olhos para os negócios, raras vezes se enganou com algum bom investimento, então nos tínhamos um padrão de vida muito bom. Mas mesmo trabalhando tão bem nunca negligenciou a família, ele raramente se atrasava para o jantar, e mais raro ainda não estar presente.
-Willian, Melissa o jantar está pronto!
-Estamos indo Rebeca.
Meu pai cumprimentou minha mãe com um beijo, olhar os dois era como ver o casal perfeito, não de uma forma melosa, mas terna, meu pai amava minha mãe e isso era evidente mesmo depois de vinte anos de casados, minha expectativa de amor verdadeiro se baseava nesse relacionamento, eu pensava que se um dia eu me cassasse; será  assim; o par perfeito, eles se completavam, então eu não namorava, no ano anterior namorei um rapaz do time da escola, mas como todo adolescente, era hormônio demais e romance de menos, então desisti logo.
-Querido amanha vamos fazer compras, e talvez eu me atrase com o jantar.
-Não se preocupe, o que você acha de aproveitar o sábado e se livrar das panelas, vocês vão chegar cansadas das compras, vamos ao “Mama Mia”, jantar comida italiana?
-Será, ótimo, então depois das compras se encontramos no restaurante.
Após o jantar, ajudei minha mãe com os pratos, depois subi para meu quarto, eu estava terminando de ler, Orgulho e Preconceito de Jane Austen, eu gostava de romances e sempre chorava quando lia.
Acordei, e eu ainda estava com o livro nas mãos, olhei para o relógio.
- Meu Deus! Já são 10h30min da manha! Como dormi tanto?
Desci para cozinha procurar algo para comer.
-Querida, já preparo algo para você, estou terminando o canteiro de flores que faltou.
-Tudo bem; eu me viro, mas porque não me acordou antes?
-A querida, quis deixar você aproveitar seus últimos dias de férias.
Depois de comer, fui arrumar meu quarto e decidir que roupa iria sair. Coloquei um jeans, e uma blusa bordada branca, era confortável para um dia de compras.
As ruas estavam cheias, era difícil achar uma vaga para estacionar, e de repente eu quase que desci do carro pra discuti com uma mulher mal educada que passou em nossa frente, ela não percebeu o pisca ligado, e que já estávamos esperando aquela vaga a tempo!
- Calma Melissa; às vezes não sei o que faço com esse seu temperamento.
- Mãe, se as pessoas tivessem mais educação eu ficaria mais calma.
Meu temperamento era difícil, tentava ver como fiquei assim, tanto meu pai como minha mãe eram a calma em pessoa.
Depois que estacionamos, fomos às compras.
-Olha filha que vestido lindo, logo vai estar aqui escolhendo vestidos para sua formatura, e logo você estará na faculdade.
-Mamãe, é só daqui a um ano,pra que a pressa, e quanto a faculdade eu ainda nem me decidi.
- Mas você sabe que é ruim pensar nas coisas na ultima hora, ai você acaba fazendo um curso qualquer e você sabe que é uma decisão importante.
Eu não conseguia pensar em nada que me agradasse, e pensava em fazer algum curso de literatura antes de ir à faculdade, meus pais não gostavam muito da ideia, queriam que eu pensasse melhor.
As lojas estavam cheias como as ruas, então demoramos muito nas compras, o transito estava igualmente uma loucura, e quando estávamos no carro decidindo qual melhor caminho pegar para o restaurante, foi ai que tudo aconteceu muito rápido.
Um carro passou o sinal vermelho, minha mãe freou, mas o carro de traz não conseguiu frear e bateu muito forte fazendo nosso carro rodar e capotar na pista, depois disso eu não me lembro de nada direito...
...ouvi sirenes...
...-a coloquem na maca...
...-eu não sinto o pulso...
As vozes começaram a ficar longe, eu via vultos, umas luzes passando, ouvi a voz de meu pai:
-Ela esta bem, Melissa você me ouve?
-O senhor não pode passar daqui...
Acordei, olhei em volta eu não sabia onde estava, era muito claro, eu ouvia um som: bip.bip.bip
Sentia um cheiro de álcool, formol e morfina,  apertei meus olhos e os abri novamente e vi meu pai dormindo em uma poltrona do outro lado do quarto, e de repente uma enfermeira entrou:
Acordou querida, vou avisar o doutor.
Meu pai também acordou, e foi ao lado de minha cama:
-Oi filha, como esta? – ele me deu um beijo na testa-.
- Eu estou meio tonta.
-O doutor avisou que quando acordasse você se sentiria assim, é a medicação.
-Eu só me lembro de estar no carro e ai..., quantas horas eu to dormindo?
-Há dois dias, filha vocês sofreram um acidente.
-E a mamãe, como ela tá?
Meu pai fez uma breve pausa, engoliu a saliva, e ai disse pausadamente:
-Filha você acabou de acordar, depois falamos disso.
-Como depois, não, cadê a mamãe? Já sei, ela esta mau?
Quando analisei a expressão dele, não precisava que ele continuasse, mas ele falou as palavras mais difíceis de pronunciar ou ouvir:
-Melissa querida, fique calma, sua mãe não resistiu, ela morreu na hora, ela não estava de cinto e na batida ela foi lançada longe e bateu a cabeça.
- Não, pai, - comecei a chorar-.
A enfermeira entrou me viu naquele estado, e logo injetou algo em meu soro e eu fui ficando sonolenta...
Eu descia a escada de minha casa, estava com um vestido preto, nem me lembro de escolher a roupa ou arrumar meu cabelo que estava em um rabo de cavalo, sei que cada degrau que descia, parecia que estava me enterrando em um buraco.
Eu recebia abraços, mas não conseguia ver o rosto de ninguém, ouvia as vozes como se estivessem longe de mais:
-Querida, sentimos muito.
-Minhas condolências, criança.
-que coisa horrível.
-como vai ser sem a mãe?
-E como ele vai ficar ele era tão apaixonado por ela?
Em meio a tudo isso eu só conseguia me lembrar de uma imagem,eu fui estúpida, devia ter ouvido meu pai, o caixão ia ser lacrado mas tive que fazer uma cena queria ver , eu precisava ver, e eles tinham razão eu precisava ver aquela imagem. Eu tentava lembrar de seu rosto lindo,com seus olhos verdes, seus cabelos dourados cortados na altura do ombro sempre bem escovados, mas aquela imagem daquele rosto deformado, era tudo que eu via.
Quando acabou aquela tortura de funeral, eu fui ajudar minha avó Mary Ane com a louça:
-Querida, vá se deitar deixe comigo.
-Eu ajudo mãe. – meu pai entrou na cozinha.
-Não, filho vocês dois devem se deitar, o dia foi longo.
Meu pai pegou minha mão, subiu comigo até o quarto, me deu um beijo na testa:
-Boa noite filha, vai ficar tudo bem, não agora, mas vamos tentar.
Troquei de roupa, me sentei na beira da cama, e tudo que estava engasgado ali ate agora, eu soltei ,comecei a chorar e não me lembro de quando parei...
Era o primeiro dia de aula, e por mais que eu tentasse esquecer, as pessoas não me deixavam, elas insistiam em ser desagradáveis.
-Oi Melissa! Que horror, deve ser estranho ficar sem a mãe- Ângela uma de minhas amigas perguntava.
-Oi Melissa, quero que saiba que estou aqui se precisar. Mery minha amiga de infância tentava me consolar.
Eu sempre repetia o mesmo: Tudo bem.
Um dia, fiquei irritada e discuti com meu pai
- Eu não vou pra escola.
-Calma Melissa não é para tanto.
-Como não? Se você pode ficar ai em casa eu também posso. - meu pai não ia trabalhar desde o ocorrido. -
- Querida não fale assim com seu pai. - minha avó tentava me acalmar-.
-Não fale assim? Como? Eu tenho que ir para a escola todo dia e aguentar as pessoas sentindo pena de mim, me jogando na cara, mesmo eu não querendo ouvir e ele fica ai, numa boa.
-Numa boa?- meu pai levantou e juro que nunca o vi tão furioso até agora- você acha isso, eu perco o amor de minha vida, e você diz que eu estou numa boa, mocinha você não entende, você vai se acostumar, é normal na vida perdermos os pais, mas eu? Eu planejei uma vida com Rebeca, íamos envelhecer juntos.
-Calma! Querido, não fale assim com ela também.
-E você acha o que? Só porque eu sou a filha tenho que me acostumar, não consigo eu também a amava.
-Parem com isso os dois, agora! Foi a minha avó que encerrou a discussão.
Eu subi para meu quarto, bati a porta.
Desde aquele dia o relacionamento com meu pai mudou muito. 

4 comentários:

  1. uau adorei otima escritora continue escrevendo bjs. Ingrid

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    1. obrigado pelo apoio,
      essa semana tem mais um capitulo,
      a história faca cada vez mais emocionante,
      beijos.
      Dilla

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Oi Dila vou dizer que já estou amandoa estoria e ver a felicidade desta familia tão unida,com tantos progegetos pela frente e como de uma hora para outra tudo pode mudar!Eu vou dizer que me emocionei!Dila te desejo toda muita sorte para com os seus projetos e para com sua parceria com a Lana que é uma linda e pode ter a certeza que vou acompanhar sua estória!Bjos

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