Sangue e Coração Cap. 4. Desconfianças

4. Desconfianças

O tempo. Ele realmente não perdoa, já passara oito anos desde que Alex fora estudar fora e eu ainda pensava nele a cada longo minuto de meus dias.

Desde que partira Alex não voltou se quer uma vez a fazenda nosso lar, a saudade me consumia de uma forma inexplicável, como ele estaria agora, será que se o encontrasse por acaso o reconheceria? Acho que não seria possível não reconhecê-lo, mais já se passara tanto tempo e quando nos separamos éramos apenas crianças, eu mudei muito e imagino que ele também tenha mudado.


Eu me tornara uma jovem muito bela, me parecia muito com minha mãe em sua juventude, eu tinha o corpo esguio, cintura fina, curvas acentuadas, meus cabelos eram castanhos escuros e longos quase na cintura, meus olhos eram verdes, dois tons mais escuros que os de minha mãe, ela dizia que eu tinha o sorriso do papai.

Eu havia me tornado uma linda mulher, ou melhor, era uma menina num corpo de mulher, em toda minha vida não conheci nada além dos limites daquela fazenda...

-Alicia venha aqui – chamou o Sr Robert

-O que deseja Sr? – perguntei de imediato

-Tire minhas botas, traga uma compressa quente para os pés e em seguida sirva o jantar, pois estou faminto. – O Sr. Robert sempre muito autoritário e dono de si, confesso que às vezes ele me assustava.

-Pois não senhor, só um instante. – respondi e segui para providenciar o que me pedira.

Fui até a cozinha preparei a compressa e voltei à sala onde estava o senhor Robert.

-Não seja lenta menina, vamos logo com isso, não vê que tenho fome?

-Me desculpe senhor, vou me apressar mais.

Sai e me apressei em servir o jantar. Aquele homem era tão frio, eu não entendia porque ele fazia questão de me maltratar, sempre fazia todo o meu trabalho sem deixar nada a desejar, minha mãe me ensinara com destreza todos os afazeres que me foram designados, eu era uma ótima cozinheira e limpava uma casa como ninguém, sempre fui boa em todas as minhas tarefas, mais ainda assim o senhor Robert sempre arranjava um jeito pra me criticar.

Algo naquele homem me deixava inquieta, mais não sabia ao certo o que, era algo além de toda aquela implicância descabida, alguma coisa nele me amedrontava.

-Aqui está Sr. Robert – servi o jantar e continuei cuidando dos meus afazeres, minha mãe havia se recolhido mais cedo, pois não se sentira bem durante a tarde, aliás já faz alguns dias que estou preocupada com ela, tem estado desanimada e se sentido mal frequentemente. Sempre que pergunto o que ela sente ela trata de desconversar e diz que está tudo bem.

-Mamita, como está se sentindo? – sussurrando, entrei em nosso quarto sem fazer alarde.

-Hermosa? Estou bem querida. – minha mãe estava recostada nos travesseiros com uma velha carta nas mãos – sente-se aqui meu anjo – pediu. Me sentei ao seu lado na cama – estou lendo a carata que seu pai me mandou quando estávamos namorando, ele era tão carinhoso hermosa. – sempre que falava do papai ela ficava muito sentimental e as lágrimas inundavam seus olhos.

-sente muita falta dele não é mamita? – perguntei alcançando com meu dedo uma lágrima que escorria de seus belos olhos.

-Sinto saudades dele todos os dias Alicia – ela suspirou pensativa e acariciando meu rosto falou: - Ele teria tanto orgulho de você meu anjo, ele sempre quis ter uma filha, mas se foi antes de saber sobre sua existência.

-Mãe, onde quer que ele esteja, tenho certeza de que está cuidando de nós duas. – depositei um beijo em suas mãos – agora me dê aqui essa carta, que vou guardar pra Senhora, tem que descansar e deixar toda essa tristeza de lado, isso não te faz bem – peguei a carta e guardei na gaveta do criado ao lado da cama, arrumei os travesseiros para que ficassem mais confortáveis enquanto mamita se posicionava confortavelmente e a cobri com o cobertor. – agora durma e lembre-se que sempre pode contar comigo, sempre estaremos juntas, te amo.

-Te amo tanto hermosa, não sei o que seria de mim sem você Alícia. – e com essas palavras mamita adormeceu.

O dia seria longo amanhã, o que me confortava toda noite era que seria menos um dia que eu passaria sem Alex.