20 abril 2013

CTM capítulo 27 Retribuição


CTM Cap 27

Retribuição

Edward POV

“Em Sua forma mais pura um ato de retribuição fornece harmonia, faz com que o transgressor pague pelos crimes contra inocentes, mas os perigos de uma vingança podem gerar ciclos de violência.”

– Aqui estão suas coisas senhor Cullen.

Conferi tudo que havia entregado assim que fui preso, olhei para o lado de fora e senti o ar da liberdade. Fora pouco tempo, mas só o fato de ver grades separando-me do mundo, me mostrava como era ruim perder a liberdade.

A minha única vontade era de voltar ao hospital para ver Bella, e a convencer de que a melhor opção era ir embora.


Acenei para o taxi, embarquei, quando meu celular tocou.

– Alô.

“Edward é o Jacob.”

– Jacob, como Bella está?

“Ela quer te ver, é urgente.”

– O que houve Jacob? Alguma coisa com o bebê?

“Edward é melhor vir aqui.”

– Já estou a caminho.

Aquela ligação me deixou muito mais nervoso, e o trânsito não ajudava em nada, parecia que quanto mais eu ficava ansioso, mais lento era tráfego.

Cheguei à recepção, depois de pegar o crachá, o elevador, tudo parecia estar em câmera lenta.

Assim que cheguei à porta do quarto, respirei fundo. Se a notícia fosse ruim eu deveria dar todo o apoio a ela. Esta era a minha função, e mesmo que fosse esmagador, eu teria de ser forte, forte por Bella.

Girei a maçaneta e me deparei com uma Isabella pálida, e com certeza estava muito mau, seus olhos demostravam que tivera chorando muito.

– Bella meu amor.

Fui a sua direção, mas ela virou o rosto assim que fui lhe beijar, então lhe dei um beijo na testa. Olha-la ali era estranha, ela estava vazia.

– Edward, eu tenho que lhe contar algo.

Puxei a cadeira ao lado de sua cama, sentei-me, se a notícia fosse a que eu estava imaginando eu queria estar sentado.

– Diga meu amor. - Mesmo com as talas, tentei pegar em sua mão, e me limitei a ter contato com seus dedos, ela me olhou aflita.

– Edward, eu perdi nosso filho.

Era exatamente a notícia que eu estava esperando. Ela deve ter ficado muito nervosa com tudo isso. E eu mataria Grey, isso sim!

– Bella eu juro que mato aquele desgraçado.

– Não Edward, por favor, eu lhe imploro não faça isso. - Ela respirou fundo e eu a observei.

– Bella aquele canalha tem que pagar, eu o mato e depois nós fugimos. Mas, por favor, Bella, vamos ficar longe de tudo isso? Vamo embora?

– Edward eu preciso te contar mais uma coisa.

– Fale Bella.

Com um pouco de dificuldade, Bella retirou minha mão da sua. Seu olhar ainda era sem vida.

– Edward, eu não vou embora com você, meu lugar é em minha casa, isso já foi longe demais! Imagine, poderia ter sido pior, alguém poderia ter, nem quero imagina o resto.

– Bella, por isso nós temos que ir embora! Chega desta divisão, chega de ficar no meio.

– Edward, entenda! - Sua voz estava mais alterada ainda. - É exatamente o que estou dizendo, chega de divisão!

Olhei para ela ainda sem entender.

– Bella, por favor...

– Edward chega, acabou, entenda de uma vez!

– Bella, se o seu medo é Christian, eu posso não ter os bens dele e o poder, mas eu tenho recurso. Podemos muito bem ter uma vida confortável, somente nós dois.

– Edward! – Agora ela gritou - Entenda, não existe ‘’nós’’!

Eu custava a acreditar, era terrível, ela deveria estar sendo coagida.

– Bella, não importa a ameaça que ele te faça, eu te protejo...

Ela não me deixou falar, suas feições ficaram sérias. Isabelle me encarou.

– Não existe mais ‘’você e eu’’, a única vez que existiu foi em Oro Valle, e nunca mais vamos ter isso. A única coisa que nos ligava ainda era esta criança, e ela se foi, agora, por favor, me deixe em paz, deixe-me voltar para aquela minha vida a qual eu nunca deveria ter saído.

– Eu não posso aceitar! - Meu peito era esmagado a cada palavra que ela proferia. Bella simplesmente estava me jogando fora! Algumas coisas fizeram sentido os dias em que ela estava se sentindo bem naquele meio.

– Aceite Edward este é meu mundo, quem você conheceu não existia. A Ana fora uma fachada, uma vida de mentira, esta sou eu, a Senhora Grey.

Agora seu tom era arrogante, implacável. Meu ego estava gritando dentro de mim: ‘’corra enquanto há dignidade!’’. Eu estava ouvindo isso mesmo? Ela estava me dizendo tudo isso?

– Bella, mas...

– Não tem ‘’mas’’! O fato é que eu não posso ir embora com você. Que tipo de vida você me daria? Nós viveríamos fugindo! Eu vi que não daria certo, não poderíamos nem ter uma casa, um conforto, nada!

– Mas estaríamos juntos.

Para mim bastaria, estar junto dela já seria tudo, tê-la ao meu lado não importava a situação.

– Edward, mas para mim não basta.

Ali estava o ponto chave, ela queria a vida confortável ao lado de Grey mesmo aceitando tudo o que ele fazia com ela. Bella sempre seria a senhora Grey!

– Então é isso, ele pode te dar o que eu não posso, eu só não passei de um divertimento, alguém que entrou em sua vida quando estava carente e sozinha. – Falei cheio de amargura.

– Sim e eu lamento que tenha chegado a tanto, mas agora não há mais nada que nos prenda, então siga a sua vida e esqueça o que houve entre nós.

– Se você acha melhor, adeus Bella. - Não resisti em lhe deixar de dar-lhe um beijo na testa, ela parecia tão frágil ali.

Arrasado saí do seu quarto. Meu chão tinha se partido de tal forma, em meu peito só restava um buraco o qual eu nunca imaginei sentir um dia.

O amor? Isso soava estranho! Quem ama não esquece, não abandona. A Vida? Que vida! A minha era normal, uma vida a qual era tranquila e simples, mas como um meteoro invadindo o céu Bella entrou em minha vida me fazendo varrer o vazio que nem mesmo eu sabia que tinha dentro de mim, e me deu um significado. Significado? Agora este não mais existia, e talvez nunca mais existisse.

Eu andei pelos corredores do hospital, pude ouvir Jake me chamar, mas o olhei sem muita emoção e acenei, mas continuei, eu não queria nem mais um minuto estar ali dentro. Quando cheguei ao elevador, as portas se abriram e eis que me deparo com ele, o próprio demônio em pessoa. Eu fiquei sem reação e forças, em suas mãos havia um buquê de flores, certamente ele estava indo vê-la. Passei por ele sem nenhum pingo se vontade de dialogar ou mesmo discutir, mas ele mostrou estar sem a mesma vontade que eu.

– Senhor Cullen, eu retirei as suas acusações, mas saiba que o juiz esta providenciando uma ordem judicial e o senhor terá que se manter afastado de minha esposa e eu...

– Não se preocupe, eu não tenho motivos para tal aproximação.

Um sorriso cínico de vitória se formou em seus lábios. As portas do elevador fecharam-se, e eu suspirei.

Caminhei pela rua, e tudo era estranho, meu peito dilacerado estava me matando. Avistei um dos bares os quais eu costumava frequentar a alguns anos, e decidi afogar as mágoas. Isso até que seria bom

Sentei e pedi uma dose de uísque, e assim seguiu. O tempo fora congelado para mim. Eu não imaginava que ele passava, somente queria tentar entorpecer meus membros até que a dor passasse.

Vi meio turvamente um rapaz sentar ao meu lado.

– Um uísque, por favor! - Ele pediu, eu o olhei e ergui meu copo.

– Edward! Edward Cullen? É você mesmo?

Olhei novamente para ele, porém minha visão estava distorcida e isso estava me atrapalhando, mas eu consegui identificá-lo.

– Jake Junior é você?

– Cara quanto tempo! E fomos nos encontrar no velho bar!

O uísque dele chegou, ele ia erguer o copo quando avistou o meu vazio.

– Traga outra dose para meu amigo aqui! E vamos brindar o que, velho amigo?

– Menos as mulheres! - Minha voz saia arrastada.

– Há, mulher! Eu estava desconfiado! Elas são a praga do mundo, elas acabam com um homem. Não viu meu pai? Foi preso por causa de uma mulher.

–E aí, ca...ra! E... seu pai? - Eu estava totalmente grogue, mas lembrava do pai de Junior.

– Você não soube? Ele se matou na prisão, tudo por conta daquela vaca que nem quero mencionar o nome, mas Leila sofrera muito na época, hoje está melhor.

Leila! Sim me lembro dela, garota linda e jovem, na época em que a conheci fora difícil para mim, pois aquela merda daquele mundo que estava envolvido só me fizera mal. Balancei a cabeça negativamente, agora lembrar tudo isso além de trazer meu passado me trazia as lembranças de Bella.

– Cara, eu nem vou me lembrar desta conversa amanhã!

– Tudo bem, olha vou te dar o meu cartão, quem sabe podemos nos encontrar em uma hora menos turbulenta.

– Tudo bem, amanhã? Estou precisando distrair-me.

– Sim, claro! Agora me diga aonde mora que eu vou te levar, você está mal.

As coisas rodavam e sim eu necessitava de ajuda.

Mal me lembro de chegar a minha casa, eu só sei que acordei e olhei em volta fazia dias que não vinha aqui, nem sei como me lembrei do endereço para passar para Jake Hyde, sim Junior, quanto tempo não o via, e ele ainda me ajudou. Eu tinha que agradecê-lo. Tateei minha roupa e o cartão dele estava em meu bolso, mas antes eu deveria tomar um banho, o cheiro de bebida estada desagradável.

Durante o banho, é uma das melhores horas para pensar e também se lamentar de tudo, mas sentindo a água cair sobre mim, meus joelhos cederam e senti o chão frio, eu queria que esta dor passasse, queria que tudo fosse embora de minha mente.

Depois de mais de uma hora de lamentação, decidi ligar para Junior e agradecer, e o fiz.

“Hyde!”

– Cara sou eu Edward!

“Olá seu alcoólatra, quer o endereço de um grupo? Eu sei de um!”

– Idiota como sempre, isso não muda.

“Desculpa, sabe que não posso perder uma piada.”

– Liguei para agradecer, ontem cara, foi uma vergonha.

“Que nada! Façamos assim: nós almoçamos e você paga, assim ficaremos quites!“

– Tudo tranquilo. O que você acha daquele restaurante dos tempos de faculdade?

“Ótimo, comida boa e barata, você é esperto.”

– Mas se quiser podemos ir naqueles restaurantes caros.

“Não mesmo, está bom este, não me dou bem no meio da realeza.”

A manhã até que passou rápida e na hora marcada eu estava sentado esperando meu velho amigo, nossas histórias não eram muito felizes.

– Edward!

Jake Hyde, foi um dos meus melhores amigos na juventude, éramos dois brigões, mas além destas semelhanças, mais tarde descobrimos que compartilhávamos da mesma atrocidade.

*Flashback On*

Tínhamos 17 anos, estávamos prestes a entrar na faculdade.

– Edward cara, eu tenho que me abrir, eu não posso guardar este segredo comigo.

– Fala logo idiota que drama é este parece uma mulherzinha.

– Meu pai ele está namorando uma mulher, ela é barra pesada sabe.

– Como barra pesada?

– Edward se liga, olha, eu a conheço e sei que ela não é boa pessoa para se casar com meu pai.

– Mas cara me diga que tipo de barra pesada?

– Já ouviu falar de BSDM, sabe sadomasoquismo, dominante, submisso...

Enquanto meu amigo falava eu gelei, fazia mais de um ano que Helena me fizera conhecer este mundo o qual eu mantinha em segredo a todos, somente minha irmã de criação sabia dos detalhes, nem mesmo para Junior eu me abri, e agora meu amigo estava me relatando que sabia destas coisas.

– Já sim.

– Então cara, eu sei que é estranho, mas eu me envolvi com uma mulher, ela é mais velha, mas é um tremenda gostosa, só que ela me mostrou estas coisas, sabe gosta que eu deixe ela me amarrar, e me ensinou sobre este mundo.

– Tá, mas e o que isso tem a haver com seu pai?

– Tem haver que esta mulher que estou te contando, ela conheceu meu pai, e esses dias ele veio apresentar para Leila e eu a sua futura esposa. E advinha, era Helena, a mulher a qual eu imaginava! Nós dois temos um caso com ela, e agora descobri que ela e meu pai vão se casar.

Gelei mais ainda ele realmente disse Helena?

– O nome dela é Helena?

–É cara, uma loira, linda tesuda e me leva a loucura.

Aquilo foi como um chute no estômago, Helena era pior do que eu pensava, ela me levou a este mundo, ela levava Junior, e agora iria se casar.

– Junior, eu tenho uma coisa a lhe contar também.

Depois de contar a ele sobre Helena, eu decidi que nunca mais a deixaria me usar, mas Junior não conseguiu. Durante um tempo soube sobre o envolvimento deles ainda depois de seu pai ter se casado, e mais tarde fiquei sabendo da prisão de seu pai, não soube os motivos e nunca fui a fundo, não me interessava nada do meu passado.

*Flashback Off*

Depois eu perdi o contato com todos, e parece que o destino estava me pregando uma peça, primeiro Bella e aquela vida com Grey depois encontrar Junior.

– E aí cara desculpe o atraso.

Almoçamos e relembramos algumas coisas, menos aquelas que por mim evitaria o resto de minha vida.

– E você, por qual mulher estava se embebedando?

– Não vale a pena, é algo que vou ter que conviver.

– Espero que não precise mais se afogar daquela forma, isso é degradante.

– Eu sei, e sua irmã, Leila?

– Hoje ela foi para uma entrevista de emprego em uma das maiores empresas daqui de Seattle.

– Onde?

–Na Grey’s Interprise.

Só a menção do sobrenome Grey me fez gelar e ter vontade de encher a cara novamente.

– Por que lá?

–Edward, eu sei que você foi um agente, e não tem como entrar neste assunto sem ser direto, eu estou rondando por aqui, e pode ter certeza de que nosso encontro não foi por acaso

– Como assim?

– Eu sei que trabalha para a família Grey.

– Você está enganado, eu trabalhava e nunca mais quero saber de lá e de nada que vem de lá, me desculpe.

– Mas esta você vai querer saber! Você conhecia a família, deve ter visto a esposa do pai de Christian Grey!

– Não, eu fiquei por pouco tempo, era segurança da esposa do Christian Grey, não vi quase ninguém da família, Christian é mais reservado, eu só conheci a irmã mais nova dele.

– Mia Grey, sabe quem é a mãe dela?

– Nem imagino, sabe que mesmo sendo detetive eu não fico olhando as colunas sociais.

–E o nome ‘’Helena’’ te faz lembrar-se de algo?

– Helena... - Tentei ligar as coisas, Christian a sua vida secreta, ele foi colocado nisso por alguém... - A mesma Helena?

– Sim, ela mesma, aquela vadia depois de fazer meu pai pagar pela morte da esposa do Grey, ela conseguiu entrar na vida deles, e hoje esta lá vivendo na boa, olha Edward sinto não estar trabalhando mais para Christian.

– Mas você me procurou por um motivo, disse que não foi por acaso.

– Não, quando o vi no Prédio de um dos Grey, eu vi uma oportunidade a mais em meu plano com Leila. Por isso ela vai trabalhar lá, Edward eu quero me vingar daquela vadia, e se para ter vingança eu tenho que atacar o que ela mais precisa que é o dinheiro, eu vou.

– Mas Christian já é outra família. - Não entendi, mas meu instinto protetor pensou em Bella, pois ela carregava o sobrenome Grey.

–Não importa! Todos que levam este sobrenome maldito, vão pagar, foi muito fácil colocar toda a culpa em meu pai, e nenhuma investigação adicional, Helena vai sofrer, e todos que estão com ela.

A própria raiva dentro de meu corpo cresceu. Helena, os Grey, Bella, Christian, era um misto de sensações. Passado e presente se confrontando, estavam lutando, uma oportunidade de liberar minha raiva por ambos os tempos de minha vida, então eu tomei uma decisão.

– Junior não se preocupe, eu serei seu aliado, no que precisar.

“A vingança pode ser um lado ruim, gerar mentiras e pode nos levar a destruição, mesmo assim é um risco que se deve ser enfrentado, quando o maior aleto é deixar que a culpa torne a pessoa impune, e o transgressor sai ileso de seus atos, e como dizem, a vingança é um prato que se como frio, e se deve ter paciência e perspicácia, contra seu inimigo.”


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