23 janeiro 2013

CTM- Cap 11- Fuga


CTM Cap11


Fuga

Liguei para o número de Jake, do celular descartável.
“Alô” – Ele atendeu com tom formal por ser um numero desconhecido.
– Jake sou eu Bella.
“Bella, Que número diferente?”
– Longa história, preciso de sua ajuda.
Contei para Jake todo meu plano, ele ficou chateado por alguns pontos nele, mas concordou com tudo.
No domingo pedi a Cristian que me levasse a casa de Campo, onde meu pai vivia agora, não poderia me despedir dele de forma correta, mas seria um dia na lembrança dele e na minha.
Chegando e desembarcando, meu pai nos recepcionou com alegria, beijei-o e abracei, senti meus olhos encherem de lágrimas, mas segurei firme.
Como sempre Charlie e Cristian pescaram, meu pai limpou o peixe que eu preparei, gostava de cozinhar e em casa era algo raro. Já na mesa do jantar meu pai tocou em um assunto delicado para Cristian.
– E aí garotos, quando vou ver uma criança correndo por entre estas árvores?
– Pai!
Cristian me encarou, sabia sua posição sobre filhos, ele não queria e por mais que eu amasse a ideia de ter uma criança, não seria de dele que eu teria um.
Cristian como sempre soube lidar com meu pai, que o amava muito, era impossível fazê-lo ver Cristian com outros olhos que não fosse o de veneração.
Despedi-me de meu pai, com um aperto no peito e voltei calada.
– O que você tem Bella? – Cristian tirou-me de meus pensamentos.
– Nada, só cansada.
– Quero a verdade, você está assim o dia todo, a algo que não quer me contar?
– Nada, já falei, agora vai querer mandar em meu cansaço?
Falei alto de mais, mas percebi que ele deixou passar esta e acabei adormecendo durante a viagem de volta.
Na segunda, saí para meu horário do almoço direto para o banco, onde depositava todo meu salário, pois nunca usei um centavo deste dinheiro desde que casei com Cristian, claro que o segurança me acompanhou, mas tinha uma desculpa bem bolada para esta retirada.
Cheguei ao gerente e fui tentar retirar o dinheiro.
– Boa tarde Senhora Grey.
– Boa tarde.
– Bem vejamos, irá retirar tudo mesmo, sabe que temos boas aplicações e investimentos em que pode estar aplicando com segurança seu dinheiro.
– Não obrigado, eu necessito deste dinheiro todo.
O gerente viu algo no computador e franziu a testa, pegando o telefone.
– Senhor, saiba que está minha poupança é antiga e está no meu de solteira ainda.
Antes de discar ele me encarou.
– Senhora Grey, na verdade a sua poupança esta conjunta com seu marido e no seu nome de casada, para uma retirada tão grande tem uma observação de somente com autorização de ambos.
– O que?! – meu espanto foi grande. – Como isto? Esta poupança foi aberta quando eu vim para Seattle na faculdade, era meu fundo universitário, o que restou dele, e todo mês deposito nela, não tem nada a ver com Cristian.
– Senhora, não é o que diz aqui, está dizendo que seu marido esteve aqui com uma procuração devidamente registrada e assinada pela senhora autorizando a mudança.
– Não, isto é impossível, eu nunca assinei nada...
A lembrança me veio, muitas vezes assinei papeis, Cristian me dava cartões e algumas de sua contas eram conjuntas comigo, mas nunca imaginei que ele chegaria a tanto.
– Senhor acho que lembrei, desculpe não precisa ligar para meu marido, eu mesma vou falar com ele.
Sai do banco rápido.
– Vamos James, me leve até a empresa de Cristian.
– Mas Senhora...
– Não me faça ligar agora para Cristian, quero falar com ele e tem que ser pessoalmente.
James não me retrucou mais, deixei meu carro ali estacionado, estava nervosa de mais para dirigir.
Entrei no prédio e sem falar com a recepcionista invadi o elevador, indo até o andar de Cristian, passando por Irina.
– Espere, Senhora Grey ele está em uma reunião...
Não ouvi, entrei com tudo, não importava qual consequência eu enfrentaria.
– Cristian, olha aqui, quem te deu o direito de mexer em minha poupança?
– Bella, senhores está é minha esposa.
Encarei a mesa com três senhores me encarando.
– Quero falar com você agora!
Cristian levantou-se da mesa e pegou-me delicadamente pelo braço, direcionando-me para fora.
– Cristian olha aqui eu aguento tudo, mas o que você fez é injusto.
– Como injusto Bella? Você é minha esposa tudo que é meu é seu, mais que justo, a maioria de minhas contas você tem acesso e porque está loucura agora, o gerente me ligou dizendo que você queria retirar todo dinheiro.
Eu tinha a desculpa na ponta da língua e com o nervoso foi fácil esconder a mentira.
– Cristian, você é o soberano do universo, tem tudo... e tudo que uso em seus cartões você sabe, eu nunca consigo te dar nada nem sequer uma surpresa consigo fazer para meu marido.
Cristian me encarou e seu olhar foi de espanto.
– Bella nem sei o que dizer, porque isto agora?
– Você nem se liga né, a anos tento lembrar esta data e nunca consigo, foi neste mês que nos conhecemos lembra?
Cristian ainda estava espantado, mas percebi que minha mentira caia muito bem.
– Sendo assim, fique a vontade eu vou ligar para o banco, pegue seu dinheiro e faça o que quiser.
– Te garanto que vai ter uma surpresa e tanto.

(***)
Cheguei na lanchonete na hora marcada, James ficou no carro dele como sempre para o lado de fora, minhas mãos suavam com a expectativa, será que Jake tinha conseguido organizar tudo direitinho? Eu temia que alguma coisa desse errado e temia principalmente por Jake. 
Avistei Jacob entrar como sempre tranquilo, como se fosse um dia tomando café com sua amiga muito comum.
James não tirava seu olhar de mim, ser vigiada fazia parte da minha vida, mas naquela situação estava sentindo-me pior.
– Olá Bells, como está? – ele agia naturalmente, me deu um beijo na bochecha fazendo com que seu corpo cobrisse a visão de James, ele assim me entregou um envelope.
– Estou bem, um pouco nervosa.
Sentou-se em minha frente, me encarando, sabíamos que tudo era minuciosamente vigiado, aproveitávamos os momentos em que o garçom estava em frente a nós anotando os pedidos, para mais instruções.
– Bella após o sinal em sua rua, haverá um acidente, você vai embora, não pare por nada, depois que entrar na auto estrada siga todas as instruções.
Somente concordava com a cabeça.
Depois de lancharmos como sempre, ele levantou-se e me deu um beijo novamente e sussurrou em meu ouvido.
– Boa sorte Bells, você sabe que se fosse por mim tudo seria diferente, mas se prefere desta forma, se algum dia conseguirmos vamos nos ver.
Jake saiu e eu me direcionei ao meu carro, observei pelo retrovisor James ligar seu carro e saí pela rua, sempre observando meu segurança me seguir, viramos algumas ruas e continuamos assim, a esquina marcada estava próxima, meu coração acelerou.
Respirei fundo e parei no sinal, o carro de James estava atrás de mim, os segundos pareciam eternos.
Respirei mais uma vez e o sinal abriu, pisei fundo e olhei no retrovisor no instante em que James atravessou a via um carro ultrapassou o sinal vermelho batendo dele, neste instante soube que era o sinal.
Pisei mais fundo e costurei alguns carros chegando até a auto estrada, ele certamente ficou para traz no acidente.
Chegando a entrada da interestadual, parei no acostamento para ver o conteúdo do envelope, observei as instruções rapidamente e coloquei-me na estrada novamente, sem tirar os olhos do transito, dava breves olhadas nas coordenadas, minhas terminações nervosas estavam eletrizadas por conta da adrenalina, diminui a velocidade perto do ponto de encontro em um posto de gasolina.
Meu carro tinha um GPS e por isso seria inútil fugir com ele, assim como meu telefone e tudo era monitorado, ali eu percebi que estava com o plano em andamento e até agora parecia estar dando certo.
Não demorou muito avistei José esperando ao lado de outro carro, estacionei ao seu lado e corri abraçá-lo.
– José que bom ser você aqui.
– Jake pediu minha ajuda e claro que concordei Bella, vamos temos que ser rápidos, tenho que levar seu carro para o outro lado da cidade para despistá-los, aqui está.
Ele me estendeu as chaves.
– Este carro está em seu novo nome, foi comprado no dinheiro a vista e não pode ser rastreado.
– E as demais coisas?
– No porta luvas estão seus novos documentos e no porta malas estão algumas coisas para você se virar por alguns dias.
– Tudo bem. – suspirei.
– Há alguma coisa que queira pegar do carro?
– Não, nada, vida nova tudo novo.
– Boa sorte Bella, acho que vai ser a última vez que te chamaram assim.
Embarquei no carro, voltei a estrada, meu rumo era incerto.
Dirigi por horas e parei em uma parada de caminhões quando já era noite, observei que ainda estava no estado de Washington, abri meu porta luvas pegando o envelope que ali estava.
Desci do carro e abri o porta malas, estava recheado de coisas, uma mala continha roupas, tinha comida e uma sacola com um bilhete: “Faça isso o mais rápido possível.”
Peguei a sacola vendo a placa indicando o banheiro feminino e fui até ele, torcendo para estar destrancado, não podia pedir a chave para ninguém, se Cristian já deu o alerta minha foto pode estar em todos os locais.
Vi uma mulher saindo de lá e corri.
– Pode deixar eu entrego a chave.
Entrei trancando a porta, até que para um banheiro de estrada estava limpo, observei a sacola e dentro tinha duas caixas de tinta de cabelo da cor castanho médio acobreado, sorri com os detalhes que Jake pensou, uma caixa com lentes de contado castanhas e uma tesoura.
Tratei de por as luvas, peguei na bolsa uma toalha, preparei a tinta e apliquei, durante o tempo de ação, torci novamente para a sorte continuar ao meu lado e me dar tempo ali, observei as lentes e as coloquei, já havia um tempo da tinta, e mesmo sem lavar dava para ver que estava agora morena, meus olhos diferentes.
Abri minha carteira, retirei meus documentos e os piquei com a tesoura, pegando um isqueiro na sacola e ateando fogo em todos eles.
Lavei meus cabelos, sequei com a toalha e abri o envelope, Jake fez um trabalho maravilhoso com as fotos, eu estava morena já, em todas, carteira de motorista, identidade, número de seguro social, tudo novo com meu novo nome.
Olhava no espelho e não reconhecia o reflexo, não por ter pintado os cabelos com uma tinta castanha acobreada e ao invés do loiro habitual agora estava morena. Não pelas lentes de contato, cobrindo meus verdes substituindo por castanhos.
Era porque eu me sentia livre, sim depois de anos não sentindo está liberdade. Agora eu estava definitivamente livre.
Observava meus novos documentos e os velhos queimados na pia.
Isabella Swan Grey, você está morta, agora nasce Anastácia Steell.
Uma nova vida está por começar.

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