13 novembro 2011

Sangue e Coração 8. Convite

8. Convite


O navio levaria dois meses para chegar a seu destino que até então não me importava, só conseguia me lembrar do que me acontecera.

Passei inúmeras noites insones, pois, quando meus olhos se fechavam não conseguia ver outra coisa se não àquela maldita cena repetida várias e várias vezes.

Meu corpo estava marcado para sempre e minha alma levava a amargura daquelas marcas profundas e incuráveis.

Fiz uma viagem bem diferente da que minha mãe fizera para chegar aos EUA, o capataz se certificara que eu fosse bem acomodada para que não chamasse atenção, até hoje não entendo bem qual o motivo da preocupação. Semanas se passaram até que me sentisse em condições de retirar-me de meus aposentos particulares naquele navio, quando finalmente consegui sair, pude ver que existia todo tipo de gente a bordo daquela embarcação, desde os mais pobres, que não se misturavam com os demais passageiros até os mais ricos da corte.

Durante a viagem deparei-me com uma senhora muito distinta, que por algum motivo simpatizara comigo, estava eu no convés superior a observar a imensidão azul do mar que nos rodeava distraída, quando ela me abordou com um estranho pedido.

-Minha jovem pode me oferecer uma ajuda?

-Pois não, como posso ajudá-la?

-Gostaria de saber se pode me explicar como uma jovem tão linda como você pode trazer no rosto um olhar tão triste e angustiado?

-Creio que não poderei ajudá-la nesta questão senhora. - como poderia dizer a ela o que me acontecera, não a conhecia e mesmo que a conhecesse, essa era a ultima coisa de que queria me lembrar naquele momento e, no entanto não me saía da cabeça um só instante se quer.

-Mas que distração a minha, me chamo Charlotte Mackarter, muito prazer. – estendeu sua mão em cortesia

-O prazer é meu, Senhora, mais não creio que esteja interessada em meus problemas. – aceitei sua mão com gosto, cumprimentando-a.

-Querida, não é normal que uma jovem com tamanha beleza, carregue consigo tanta tristeza.

- E o que seria normal senhora Mackarter?

-Por favor, me chame de Charlotte apenas. O que me lembra de que você ainda não me disse seu nome.

-Claro que sim, me desculpe me chamo Alicia Delavega.

-Qual é a sua idade querida?

-Tenho vinte anos senh... Charlotte. - Não entendia por que tanto interesse daquela senhora por minha pessoa, mas não me incomodou apenas me intrigou um pouco.

-Não vi seus familiares, tenho te observado e percebi que estava sem companhia.

-Não tenho família Senh... Charlotte, meu pai morreu antes de meu nascimento e minha mãe, depois do que me aconteceu, não sei ao certo o que se passara com ela.

-Mas o que aconteceu de tão horrível com você?

Agora ela passara dos limites, não poderia responder a tal pergunta a uma estranha, gentil sim, mas não fazia sentido algum responder essa pergunta.

-Com todo o respeito Charlotte, prefiro não falar sobre isso.

-Se prefere assim, não a perturbarei com esse assunto novamente, mais já que se encontra sozinha e eu também não estou acompanhada, você se importaria em me acompanhar o restante da viagem?

-De forma alguma, seria um prazer para mim. - precisava mesmo de alguém para conversar e distrair minha mente de pensamentos desagradáveis, então resolvi aceitar seu convite.

A senhora Mackarter pertencia a uma família muito influente e de muitas posses, ela me contara que era viúva e não tinha filhos, tivera uma filha de nome Sara que partiu meses depois de seu nascimento de um mal súbito.

-Ela teria a sua idade agora.

-Não entendi Charlotte.

-Minha filhinha Sara, teria a sua idade se estivesse entre nós.

-Entendo, posso lhe fazer uma pergunta?

-Depois de tantas que já lhe fiz claro que pode me perguntar qualquer coisa.

- Por que razão não teve mais filhos?

-Meu esposo falecera logo após a morte de Sara e não me casei novamente.

-Lamento muito Charlotte.

-Tem para onde ir Alicia?

-Pra dizer a verdade quando embarquei, nem perguntei qual era o destino do navio.

-Como assim querida, Não sabe que estamos indo para a Inglaterra?

-Na verdade não sabia

-Então tenho um convite a lhe fazer

-De que se trata Charlotte?

-Gostaria de ir comigo para Londres? Já faz muito tempo que estou só e você me faz lembrar minha filha.

-Não posso aceitar Charlotte, é muito generoso de sua parte mais não devo.

-Mas é claro que pode se não tem para onde ir. Cuidarei de você como se fosse minha filha.

-Nesse caso eu aceito, mas não deve me dar nada, sua companhia é tudo o que preciso.

-Não seja tola Alicia, não tenho pra quem deixar meus bens e já sou avançada em idade, lhe darei educação, vestidos e tudo mais que precisar, quando eu partir será minha única herdeira.

-A Senhora não pode fazer isso eu...

-É claro que posso já está decidido e quando você puder irá me contar sua história e o que assola sua alma.

O navio chegaria daqui a dois dias e uma nova vida estava a minha espera no desembarque.

Quando desembarcamos o porto já estava repleto com muitos passageiros que fariam o trajeto inverso ao nosso.

-Posso ajudá-la com as malas Senhora?-ofereceu-se um jovem a Charlotte.

-Mas é claro meu jovem, muito gentil de sua parte.

- Disponha Senhora isso não é nada.

Eu segui sem prestar atenção nos dois, quando o jovem já começara a subir a rampa de embarque Charlotte voltou-se para ele.

-Obrigada meu rapaz, Sou Charlotte Mackarter e você é?

-Alex Sumers senhora, até mais. – e com um cumprimento cortês dirigiu-se ao navio.

Durante todos esses anos sonhei, imaginando como seria nosso reencontro e no momento em que finalmente nos encontramos, eu simplesmente não consegui fazer nada, ouvi a voz grave e imponente de Alex, tão diferente daquele garotinho que vi saindo da fazenda, naquele momento eu entendi que nunca poderíamos ficar juntos.

O observei embarcar no navio, não consegui me aproximar ou mesmo gritar por ele, naquele momento meu coração estava seco, era o Alex, mais aquele nome Sumers trazia a tona tudo o que eu mais odiava no mundo, não pude encará-lo, meu coração estava repleto de um sentimento até então desconhecido por mim, como eu poderia amar alguém que me fazia reviver tudo o que eu mais repudiava em minha vida? Não, eu simplesmente não tinha mais lugar em meu coração para o amor, agora eu iria viver minha nova vida ao lado de Charlotte e o amor não me pertencia mais.

4 comentários:

  1. linds kkk eu to sempre aki ta1 Bubu eu quero mas de eternal flame. Quando é q vc vai posta de novo

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  2. oi lana tor adorando a historia tomara que ele descubra o que o pai dele fez. beijos.

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  3. Oi Gel
    Obrigada, fico feliz que esteja gostando!!!!
    Bjoks!!!

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  4. Oi Lna minha nossa depois de tanto sofrimento de Alicia ela pode encontrar alguém em que confiar Charlotte uma alma bondosa que irá mudar a vida de Alicia,agora Alex não reconheceu Alicia e esta o reconheceu só que lhe faltou coragem de aborda-lo,poís a vergonha foi demais e uma pena.

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